Audiência Pública na Câmara debate criação de Fórum Inter-Religioso

por COMUNICAÇÃO — publicado 03/08/2022 15h50, última modificação 04/08/2022 17h08
Primeira atividade do semestre contou com presença de líderes religiosos

Por Charles Nisz

Com o crescimento da intolerância religiosa, a Câmara Municipal de Osasco trabalha em ações para promover a tolerância. Nesta terça-feira (3), aconteceu uma Audiência Pública para discutir a criação de um Fórum Inter-Religioso na cidade. O evento foi presidido pela vereadora Juliana da Ativoz (PSOL).

Vânia Soares, da Secretaria de Justiça de São Paulo, comentou a importância do tema e como a iniciativa de Osasco acompanha políticas estaduais sobre o assunto. “Mais do que uma reunião de líderes religiosos, é um programa para difundir uma cultura de paz. Com 108 membros e 27 religiões, o Fórum Estadual terá uma lei para virar uma coordenadoria”.

Mãe Inês lamentou a crescente de crimes relacionados com a religião: “Está sendo plantado muito ódio político, racial, religioso”. Inês ressaltou o trabalho do Fórum de Igualdade Racial de Osasco no combate à intolerância religiosa. "O ódio racial e religioso muitas vezes anda de mãos dadas”, ressaltou.

Diretora de Patrimônio Cultural da Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial de Osasco, Simone de Carvalho diz que é preciso elaborar políticas públicas contra a intolerância: “Quero agradecer a parceria da OAB Osasco na construção desse tipo de iniciativa”, disse Simone.

Representante da Igreja Católica, Padre Beto falou da importância do diálogo para promover intercâmbio entre diferentes vivências religiosas: “O direito e a justiça promovem apoio legal, mas conheci muitos jovens pelo skate. Precisamos ampliar os espaços de diálogo com os mais novos”.

Babalorixá Ricardo fez uma piada para criticar a intolerância religiosa nos dias atuais: “Deus é bom, mas seus fã clubes são intolerantes”. Segundo ele, apesar da brincadeira, precisamos tratar o assunto com firmeza, pois muitos são agredidos ou mortos somente por conta da sua fé pessoal.

O pastor Daniel, da Igreja Cristo para Todos, reforçou a laicidade do Estado: “Todos têm sua liberdade de crença garantida por lei. Quero usar minha voz para que aqueles que sofrem intolerância tenham voz”. Para ele, o fórum é um passo no caminho de um Estado que não segregue as pessoas.

Natalia Pontieri, da Seppir, disse que “é muito bom ver jovens líderes religiosos lutando pela garantia de direitos humanos”. Natália ressaltou o aspecto racial desses ataques. “Num país onde 60% são negros e pardos, as religiões africanas são as mais atacadas”.

Person Machado, ministro da Igreja Messiânica, diz que precisamos melhorar a atmosfera para todos terem sua liberdade garantida. Segundo Machado, "criar mecanismos institucionais e legais para isso é uma necessidade”.

Renato Sanches, membro da OAB Osasco, falou da luta por essa institucionalização das políticas públicas. “Lutar é diferente de brigar, luta pressupõe união. Aqui somos todos classe trabalhadora e unidos pelo ideal de lutar contra a intolerância”.

Juliana da Ativoz, proponente e presidente da Audiência, falou dos temores das minorias diante de um cenário tão violento no país contra as religiões: “O conservadorismo traz uma sensação de insegurança no mundo. Temos muita violência contra negros, mulheres, LGBTs”.

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