Entidades reafirmam luta por valorização do povo afrodescendente

Movimentos sociais ligados às comunidades negras, lideranças políticas e representantes dos organismos que atuam na defesa da igualdade racial promoveram uma importante ação pela valorização dos povos afrodescendentes, na noite da última quarta-feira (22), em Osasco. 

Numa realização da Câmara Municipal de Osasco, do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (COMPIR) e do Fórum de Povos Tradicionais de Osasco e Região, a Sessão Solene em comemoração ao Novembro Negro transformou-se em um grande palco de valorização da cultura negra, onde os participantes ratificaram a luta pelos direitos da população negra. 

A solenidade foi promovida por iniciativa da Vereadora Drª Régia Sarmento (PDT) e aconteceu no auditório da Escola de Artes César Antônio Salvi. A escolha do local atendeu a uma sugestão da presidente do COMPIR, Vera Lopes, como forma de promover a descentralização dos espaços de poder no Município.

Vera classificou a Sessão Solene como “memorável”, mas cobrou mais apoio à população afrodescendente e ao trabalho do COMPIR. “É um desafio promover a igualdade do povo preto e pobre da periferia. Falta unidade para que possamos avançar e só conseguimos com a pressão do povo”, ponderou. 

DÉCADA DOS POVOS AFRODESCENDENTES

A Presidente do COMPIR de Guarulhos e membro do Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de São Paulo, Flávia Costa, foi a responsável pela explanação da temática da Sessão Solene, “Década Internacional de Afrodescendentes 2015 – 2024”.

Flávia explicou que a década foi proclamada em 2013 e vigora desde o dia 1º de dezembro de 2015, com vigência até o dia 31 de dezembro de 2024. A década exprime um “desejo mundial” para que sejam promovidas ações de promoção aos direitos humanos, de proteção e de valorização da população afrodescendente.

“São 200 milhões de afrodescendentes na América e a maioria deles está em um espaço de marginalização, enfrentando o racismo e a violência, principalmente contra as mulheres negras”, lamentou. 

Ao falar sobre o problema da violência, Flávia chamou a atenção para as estatísticas, que apontam 26 mil jovens negros assassinados, segundo dados do Mapa da Violência 2016. Isso representa 70% do total de jovens mortos no Brasil.

PRECONCEITO RACIAL

A Vereadora Drª Régia disse que foi um prazer imenso ter sido a portadora do pedido para a realização da Sessão Solene. Em seu pronunciamento, ela abordou o preconceito racial, que ainda é grande, e lamentou a perda de conquistas importantes no tocante a políticas públicas voltadas à igualdade racial, tanto por parte do Governo Federal como do Poder Executivo Municipal. 

O Vereador Tinha Di Ferreira, que secretariou os trabalhos da Sessão Solene, também abordou o preconceito, tanto racial como de orientação sexual, motivado pela intolerância. “Quem se cria com ódio vai tratar as pessoas com ódio”, justificou.

APRESENTAÇÃO CULTURAL E HOMENAGENS

A Sessão Solene teve como destaque cultural uma apresentação da Velha Guarda Musical Cantante da Escola de Samba Unidos do Peruche, de São Paulo. A intérprete Bernardete agradeceu à organização pela oportunidade de participar do evento. “Fiquei imensamente feliz de estar cantando no meu reduto. Se hoje existe uma escola de samba, começou com uma Velha Guarda”, afirmou.

A ex-Vereadora Sônia Maria Rainho, a médica da Rede Municipal de Osasco e membro do COMPIR, Drª. Mônica Mwmakamba, e o Presidente da União Regional Umbandista da Zona Oeste da Grande São Paulo, Claudio Franco de Lima foram homenageados pela atuação em prol da luta pela igualdade racial no Município de Osasco e Região.