Líder sindical recebe homenagem póstuma da Câmara de Vereadores

por Divisão de Comunicação publicado 13/07/2018 12h12, última modificação 13/07/2018 12h12
Evento reuniu lideranças políticas e marcou cinquentenário da grande greve de 1968.

A Câmara Municipal de Osasco realizou, na última quinta-feira (10), solenidade em homenagem ao líder do movimento sindical, José Ibrahim, juntamente com a comemoração do cinquentenário da greve de 1968. Durante a solenidade, a jornalista Mazé Torquato Chotil apresentou a biografia “José Ibrahim, o líder da primeira grande greve que afrontou a ditadura”.

 A HISTÓRIA DO LÍDER

Aos 20 anos de idade, José Ibrahim foi diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco. Liderou a greve de 1968 e enfrentou a ditadura militar, tendo sido preso, torturado e exilado. Estava na lista de presos políticos libertados em troca do Embaixador Charles Elbrick, em 1969.

Viveu cerca de 10 anos de exílio em Cuba, no Chile e na Bélgica. Em Bruxelas, participou do grupo de apoio à oposição sindical, fez contatos com o sindicalismo europeu e mundial, criou a M´aison de l´Amérique Latine, onde realizou encontros pela anistia no Brasil.

José Ibrahim voltou ao Brasil em maio de 1979, antes da Anistia Geral. No país, continuou suas lutas pela anistia e pela redemocratização. Ajudou a criar o Partido dos Trabalhadores, o PT, e a Central Única dos Trabalhadores, a CUT.

A GRANDE GREVE DE 1968

A greve de 68 tornou-se um dos marcos mais importantes da história das lutas de classes operárias, representou o embrião do renascimento do movimento sindical brasileiro.

Na manhã do dia 16 de julho, dentro da metalúrgica Cobrasma, em Osasco, 3 mil operários anunciaram a ocupação da fábrica. A repressão foi imediata e brutal, declarando a greve como subversiva e irregular. Logo no início da greve e sem prévio aviso, o Ministério do Trabalho decretou intervenção no Sindicato de Osasco, realizando cerco policial, invasão das fábricas e prisões dos grevistas. A greve durou 3 dias.

O movimento demonstrou firmeza das ações sindicais, serviu como base para a organização dos diversos sindicatos que passaram a emergir por todo o país e permitiu o surgimento de novos líderes de movimentos trabalhistas, como José Ibrahim e outros. 

A SOLENIDADE

O evento foi realizado na sede do Legislativo municipal e atendeu aos ritos solenes oficiais, como a composição de Mesa Diretiva e entoação do hino nacional brasileiro e do hino osasquense. Estiveram à Mesa, os Vereadores Régia Maria Sarmento (PDT) e Mário Luiz Guide (PSB). Além dos parlamentares, Antônio Roberto Espinosa, representante da Comissão da Verdade, Mazé Torquato Chotil, jornalista e escritora, e Gabriel Ibrahim, filho do homenageado.

Chamado à tribuna, Tonca Falseti, ex-Deputado Estadual, felicitou a autora da biografia de José Ibrahim e afirmou a importância do evento. “Esse evento, com o lançamento dessa obra, é um fenômeno para a nossa cidade, ele foi capaz de reunir lideranças políticas que normalmente não se encontram. Essa obra vem resgatar a memória da nossa política, aglutinar as pessoas”, disse.

Gabriel Ibrahim, filho do homenageado, emocionou-se ao falar do pai e da “grandeza de seus atos”.

“Me sinto agradecido pela história do meu pai. Cada vez que ouço um depoimento sobre ele, fico saudosamente grato”, afirmou Gabriel.

Sobre a história e as lutas de José Ibrahim, seu filho demonstrou orgulho e respeito. “Sei da história, da bravura e das lutas travadas para que companheiros sobrevivessem e tivessem direitos básicos. Por trás da saudade, o sentimento geral é de alegria, de gratidão”, afirmou.

Para Antônio Roberto Espinosa, a homenagem a José Ibrahim “não é póstuma, porque José Ibrahim não morreu, está vivo, assim como as lutas e a necessidade da luta pelas liberdades”. E finalizou afirmando que “Zé estará conosco em todas as trincheiras”.

Para falar do livro em homenagem à greve de 68 e a seu líder, foi convidada a assumir a tribuna a escritora Mazé Chotil. A autora traçou os passos para a realização da obra e falou de seu trabalho de pesquisa. Explicou que o livro é dividido em 3 partes, sendo a primeira, a formação do homem José Ibrahim. “Nesta primeira parte, falo sobre a militância, quais os caminhos percorridos e como Ibrahim chegou à presidência do sindicato”, explicou.

A segunda parte da obra conta sobre o afastamento do país e o exílio em Cuba, no Chile e na Bélgica. “A passagem de Ibrahim pelo exílio e suas atividades naquele período nebuloso de sua vida. Não abandonou a luta por causa da expulsão do país”, disse.

Por fim, a terceira parte da obra trata sobre a volta de José Ibrahim ao Brasil. “O retorno às lutas, as Diretas Já, a anistia e a participação na construção do Partido dos Trabalhadores, além da fundação de centrais sindicais”, contou a autora.

Antes de se encerrar o evento,  a Vereadora Régia fez comparações entre a juventude que se apresentou nas lutas dos anos 1960 e a dos tempos atuais. Mostrou-se preocupada com a “alienação dos jovens”. “Hoje, a juventude está na inércia, na ociosidade e não pensa em enfrentar a luta pelo coletivo. Lutar pelo próximo não passa pela cabeça dos jovens”, e continuou. “Cada um se preocupa com seu próprio mundo, assim, não se consegue aglutinar e fazer uma luta”, explicou.

Assista ao evento e veja as imagens