A História Está Nas Ruas.
Introdução
Adaptado da Obra "A Alma Encantadora das Ruas" (João do Rio)
A Rua
"Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós".
"A rua! Que é a rua? Os dicionários dizem: "Rua, do latim ruga, sulco. A rua é para os dicionários apenas um alinhado de fachadas por onde se anda nas povoações. Ora, a rua é mais do que isso, a rua é um fator da vida das cidades, a rua tem alma! Em São Paulo, em Londres, Buenos Aires ou Osasco, sob os céus mais diversos, nos mais variados climas, a rua é a agasalhadora da miséria".
"Os desgraçados não se sentem de todo sem o auxílio dos deuses enquanto diante dos seus olhos uma rua abre para outra rua".
"A rua é o aplauso dos medíocres, dos infelizes, dos miseráveis da arte. A rua é generosa. A rua é a transformadora das línguas. A rua resume para o animal civilizado todo o conforto humano. Dá-lhe luz, luxo, bem-estar, comodidade e até impressões selvagens no adejar das árvores e no trinar dos pássaros. A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo. A rua sente nos nervos a miséria da criação, e por isso é a mais igualitária, a mais socialista, a mais niveladora das obras humanas. A rua é a eterna imagem da ingenuidade. A rua faz as celebridades e as revoltas, ..."
"A rua criou um tipo universal, tipo que vive em cada aspecto humano do nosso urbano".