Câmara debate importância de capacitação de médicos para aferição de pés diabéticos

por Divisão de Comunicação publicado 17/10/2023 09h50, última modificação 17/10/2023 10h11
Audiência Pública apresentou os benefícios de tratamentos preventivos da diabetes

Por Ana Rodrigues. Fotos: Ricardo Migliorini.

Quando a diabetes não é controlada, pode levar à morte. Porém, muitos problemas que ocorrem com pessoas com diabetes não controladas podem ser diagnosticados facilmente por profissionais médicos capacitados nos ambulatórios.

Para discutir, especificamente, a capacitação de médicos ambulatoriais para aferições de pés diabéticos, a Comissão de Saúde e Assistência Social da Câmara de Osasco, presidida pela vereadora Lúcia da Saúde (Podemos), realizou na noite desta segunda-feira (16), uma Audiência Pública para discutir o assunto.

É importante ressaltar que pessoas com diabetes não controlado podem apresentar uma série de alterações nos pés, como infecções e outros problemas que podem provocar feridas. Se os casos não forem tratados, o pé diabético pode levar à amputação.

Salomão Júnior, secretário executivo da Pessoa com Deficiência, ressaltou que muitas pessoas com diabetes que apresentam problemas como esses são praticamente invisíveis. "É preciso olhar para esses pacientes com cuidado para que Osasco seja uma cidade referenciada no tratamento e efetivamente inclusiva".

A secretária adjunta da Pessoa com Deficiência, Fernanda Zacchi, ressaltou que a secretaria não trabalha com doenças, aborda a deficiência, mas que no caso dos debates de prevenção de problemas como as amputações decorrentes do diabetes, o assunto também é tratado pela secretaria. “Temos propostas para o município que não trazem custos para o Executivo, são parcerias que buscam provocar a sociedade civil para que todos possam compreender e exigir preparação dos médicos, porque uma doença pode se tornar uma deficiência” comentou Fernanda Zacchi ao falar sobre a importância da prevenção de problemas de saúde que podem levar a deficiências graves.

A enfermeira Juliana Maeda falou sobre as complicações da diabetes que podem levar à morte. A profissional é especializada em estomaterapia, área da saúde que busca prevenir a perda da integridade da pele, voltada para a assistência e cuidado de pessoas com estomias, feridas (agudas e crônicas), fístulas, drenos, cateteres e incontinências.

De acordo com Juliana, muitas pessoas até desconhecem que têm diabetes. Ela apontou que, segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, e a estimativa da incidência da doença em 2030 chega a 21,5 milhões de pessoas.

“Muitas pessoas perdem a sensibilidade dos pés. Já tive pacientes com prego no pé e não sentia. Houve um caso de que paciente queimou o pé mas não percebeu”, afirmou Juliana Maeda.

E alertou que pessoas que apresentam lesões nos pés, provocadas por diabetes, têm 50% de chances de sofrer amputação do membro. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, apresentados pela enfermeira, o número de amputações de pernas e pés no país atingiu, em 2022, o seu nível mais elevado em dez anos. “Uma média de 85 amputações por dia, que é um número muito elevado”, alertou Juliana Maeda. “No mundo, a cada 20 segundos, uma pessoa perde um dos pés, sendo que 25% delas têm diabetes”, ressaltou.

Os dados são preocupantes e assustadores, mas o fato importante, apontado pela enfermeira, é que 85% dos problemas provocados pela doença podem ser evitados por meio de orientação e educação. “Não precisamos ter especialistas na rede, precisamos ter pessoas capacitadas”, ressaltou Juliana Maeda.

O vereador Márcio da Lan (Avante), que tem experiência como gestor na Saúde, falou sobre suas experiências e comentou sobre a importância de ações como a realização da Audiência Pública, que servem como alerta e como orientação.

“As UBS são a entrada principal do sistema da saúde e ações preventivas são fundamentais para evitar agravamento de problemas que podem ser evitados”, ressaltou o vereador suplente, que conheceu muitos pacientes que chegavam nos prontos-socorros com casos graves, que poderiam ter sido prevenidos na atenção primária.

A presidente da Comissão de Saúde e Assistência Social, vereadora Lúcia da Saúde, comentou sobre a excelência dos profissionais que trabalham com feridas —  principalmente as provocadas pela diabetes — e também sobre a necessidade de Osasco ter um Centro de Referência da Diabetes.

“Há muitas pessoas que fazem tratamento errado em casa por falta de orientação, inclusive nas Unidades Básicas. Isso é muito preocupante. É fundamental a capacitação dos profissionais para que as orientações sejam feitas adequadamente”, apontou a parlamentar, ao contar suas próprias experiências na área da saúde.

“A Câmara Municipal está aberta para debates como este e a Comissão se coloca à disposição de profissionais e secretarias que estejam dispostas a colaborar com a melhoria no atendimento”, reforçou Lúcia da Saúde.

A maioria das perguntas feitas pelas pessoas que prestigiaram a Audiência Pública abordaram as formas de prevenção e cuidados. “Sempre que você desconfiar que há alterações no seu organismo procure um profissional, é mais seguro”, alertou Juliana Maeda, ao reforçar que os custos para a saúde pública, quando não há diagnóstico precoce, podem ser muito elevados.

“Precisamos capacitar, treinar, envolver os profissionais para que eles busquem atualizações e isso é extremamente benéfico para a saúde pública”, afirmou a enfermeira.

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